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WEB SUMMIT 2019 LISBOA

Publicado em 14/11/2019

 

Web Summit 2019 Lisboa

Reflexão Jurídica: tendências e desafios frente à tecnologia

 

Na semana de 03/11/2019 a 10/11/2019, tive a oportunidade de estar imersa no maior evento de tecnologia da Europa, o WEB SUMMIT 2019. Observei neste evento uma concentração de gigantes de organizações globais, chefes de estado, startups nos mais variados níveis de amadurecimento e palestrantes conhecidos mundialmente, tudo isso distribuído em um big espaço de cinco pavilhões, além da Arena Altice e mais de 70 mil participantes de todo o mundo. Sim, muita agitação, pessoas circulando freneticamente, mentes borbulhando, conteúdo distribuído por áreas, painéis com Pitchs ou debates inerentes aos mais diversos assuntos - o mundo está acelerado. Isso mesmo, acelerado!

 

Estávamos num ambiente para quem procura inovação, atualização, inspiração e reflexão, nunca tão necessários dentro de um mundo globalizado e de exacerbada concorrência. E aqui vale trazer uma interessante experiência que vivenciei em meio àquele frenesi: fomos convidados a visitar um pequeníssimo stand de uma Startup de jovens com menos de 30 anos, uma plataforma digital originária da Romênia. Curiosa, fui até lá e os ouvi por rápidos 15 minutos. O propósito do ousado projeto é uma ferramenta que permite dar suporte aos advogados, conectando-os a futuros clientes, proporcionando ganho de tempo e aumentando rapidamente seu portfólio. Como? A ferramenta fica responsável por linkar, de forma remota, advogados e clientes que ainda não se conhecem para, a partir daí, dentro da plataforma, desenvolverem o seu trabalho, recebendo por ele e, curioso, dividindo dentro dessa plataforma questões confidenciais, que tanto são regulamentadas pelos órgãos de classe, como leis maiores, tal qual a Lei Geral de Proteção de Dados.

 

E dali, pude levar, na mesma semana, as experiências que vivi no Web Summit e, em especial, a da tão ousada Legal Startup, para alguns colegas advogados de grandes bancas de Portugal, em visitas aos seus escritórios, de parcerias presentes e futuras. E o quão surpresos ficaram, à unanimidade, com a novidade. Eu dizia que no Brasil, por toda legislação existente, a Startup estaria fadada ao insucesso ou, ao menos, precisaria de mais uns bons anos para, amoldando-se à nossa realidade, avançar com o seu tão inovador e tecnológico propósito. Afinal, é o que a globalização vem impondo. E meus colegas diziam o mesmo em relação a Portugal, mas lembravam que num país do leste europeu, como a Romênia, com perfil tão distinto, país “novo”, mais aberto e famigerado por investimentos externos, poderia ter chance de vingar.

 

E as observações entre mim e os colegas portugueses a respeito desta novidade não pararam por aí. Levantamos outras questões que nos incomodaram: o contato pessoal, olhos nos olhos com os nossos clientes? A relação de confiança que, às vezes, demora um tempo para ser construída? A criatividade e experiência que utilizamos ao longo de nossas carreiras para dar suporte aos nossos clientes? E o compromisso em honrar com a confidencialidade?

 

E entre um café e outro fomos trocando outras experiências vividas no nosso dia a dia.

 

Dessa experiência, dentre tantas outras que vivenciei nos quatro dias de Web Summit, me vi e me senti, mais uma vez, desconfortável, mas não ameaçada. Um desconforto que deve nos ser provocador e inspirador para que, em meio à evolução tecnológica que nos coloca à prova diariamente, intercalada aos nossos compromissos jurídicos, também diários, de emissão de consultas e pareceres, participação em audiências e reuniões com os nossos clientes, possamos inovar aceleradamente, mas mantendo os princípios fundamentais do bom exercício da advocacia que, em minha opinião, jamais serão substituídos pelos nossos tão respeitados robôs.

 

Adriana Adani

Sócia do Adani e Carvalho Advogados